A metempsicose distingue-se da reencarnação pelo facto
de mencionar que, após a morte, o homem possa reencarnar num corpo humano,
animal ou vegetal. Os Espíritos ensinam-nos que o Espírito não pode retroceder
e que a metempsicose é falsa se entendermos por tal palavra, a transmigração do
homem no animal e reciprocamente. Pode-se todavia supor que a alma que hoje anima
o homem tenha podido progredir pela sequência animal ou mesmo vegetal, onde
teria adquirido desenvolvimento e que teria transformado a sua natureza.
Sabemos que, sobre o globo, a vida aparece primeiramente sob os mais simples,
os mais elementares aspetos, para se elevar, por uma progressão constante, de
forma e na forma, de espécie em espécie, até o tipo humano, coroando a criação
terrestre. Gradualmente, os organismos desenvolvem-se, apuram-se e a
sensibilidade cresce. Lentamente, a vida desembaraça-se das restrições da
matéria e o instinto cego dá lugar à inteligência e à razão.
Essa escala de evolução progressiva, cujos degraus mais
baixos mergulham em abismos tenebrosos, será que cada alma a teria percorrido?
Será que antes de adquirir a consciência e a liberdade, antes de possuir em
plenitude a sua vontade, teve de animar organismos rudimentares, revestir as
formas inferiores da vida? O estudo do caráter humano, ainda marcado de bestialidade,
assim nos levaria a crê-lo.
O sentimento de absoluta justiça diz-nos que o animal,
assim como o homem, não deve viver e sofrer em troca de nada. Uma cadeia
ascendente e contínua parece religar todas as criações, o mineral ao vegetal, o
vegetal ao animal, e este ao homem. Ela pode religá-los duplamente, ao material
como ao espiritual. Estas duas formas de evolução seriam paralelas e
solidárias, a vida não sendo mais do que uma manifestação do espírito.
De qualquer forma que tenha sido, a alma, chegada ao
estado humano, e tendo adquirido a consciência, não pode mais retroceder.
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