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17/07/2016

Paixões

Vejamos o que nos dizem os espíritos no “O Livro dos Espíritos”!


CAPÍTULO XII – DA perfeição Moral

Das Paixões

907. O princípio das paixões sendo natural é mau em si mesmo?
      —  Não. A paixão está no excesso provocado pela vontade, pois o princípio foi dado ao homem para o bem e as paixões podem conduzi-lo a grandes coisas. O abuso a que ele se entrega é que causa o mal.

 908. Como definir o limite em que as paixões deixam de ser boas ou más?
      — As paixões são como um cavalo que é útil quando governado e perigoso quando governa. Reconhecei, pois, que uma paixão se torna  perniciosa no momento em que a deixais de governar, e quando resulta num prejuízo qualquer para vós ou para outro.

Comentário de Kardec: As paixões são alavancas que decuplicam as forças do homem e o ajudam a cumprir os desígnios da Providência. Mas, se, em vez de as dirigir, o homem se deixa dirigir por elas, cai no excesso e a própria força que em suas mãos poderia fazer o bem recai sobre ele e o esmaga.
     Todas as paixões tem o seu princípio, num sentimento ou numa, necessidade da Natureza. O princípio das paixões não é, portanto, um mal, pois repousa sobre uma das condições providenciais da nossa existência. A paixão propriamente dita é o exagero de uma necessidade ou de um sentimento; está no excesso e não na causa; e esse excesso se torna mau quando tem por consequência algum mal.
      Toda a paixão que aproxima o homem da natureza animal distancia-o da natureza espiritual.
      Todo sentimento que eleva o homem acima da natureza animal anuncia o predomínio do Espírito sobre a matéria e o aproxima da perfeição.

909.0 Homem poderia sempre vencer as suas más tendências pelos seus próprios esforços?
      —  Sim, e às vezes com pouco esforço; o que lhe falta é a vontade. Ah!, como são poucos os que se esforçam!

910. 0 Homem pode encontrar nos Espíritos uma ajuda eficaz para superar as paixões?
      — Se orar a Deus e ao seu bom génio com sinceridade, os bons Espíritos virão certamente em seu auxílio, porque essa é a sua missão. (Ver item 459.)

911. Não existem paixões de tal maneira vivas e irresistíveis que a vontade seja impotente para as superar?
      —  Há muitas pessoas que dizem: “Eu quero!”, Mas a vontade está apenas nos seus lábios. Elas querem mas estão muito satisfeitas de que assim não seja. Quando o homem julga que não pode superar as suas paixões, é que o seu Espírito nelas se compraz., por consequência de sua própria inferioridade.

Aquele que procura reprimi-las compreende a sua natureza espiritual; vencê-las é para ele um triunfo do Espírito sobre a matéria.

Nota:

Através das seis questões (907 a 911) endereçadas por Kardec aos Espíritos, descortina-se diante de nós um estudo esclarecedor. Na questão 907, ensina-se que as paixões fazem parte da natureza humana e que elas não são más, pois o princípio que lhe dá origem foi posto no homem para o bem. A "coisa" com os excessos e abusos, esses sim é que causam o mal. Na questão seguinte, ensina-se que o governo da paixão é que determina o limite em que se situa a fronteira do bem e do mal. Entre estes caminhos, a paixão se torna um perigo quando nós perdemos o domínio e causamos os males aos outros e a nós mesmos. Assim, entendo, que a paixão, nada tem a ver com o instinto, mas sim, sendo um acúmulo de energia. A vigilância é a nossa defesa para nos defendermos desse sentimento interior.


11/05/2016

A minha mediunidade. Como começou?


         
Resultado de imagem para imagens mediunidade            Relato de uma Irmã com Mediunidade!

1.    Falar de mediunidade talvez necessite primeiro de explicar o que é que isso significa. Sempre ouvi dizer que a "bruxa" ajudava as pessoas com os espíritos, sempre achei que a "bruxa" metia medo e seria alguém muito estranho e por isso, era bem melhor fugir dela. Vivi numa aldeia do interior do país e falar de bruxos era como beber um copo de vinho na taberna. Era conversa do dia e da comunidade. "Benze lá a menina"; "Leva-a à bruxa que ela passa-lhe o azeite"; "Tem o ventre caído, tens de a levar à bruxa"... Na verdade a bruxa era o remédio para muitas aflições, apesar de ser bruxa nunca percebi lá muito bem porque se chamava de bruxa, até porque imaginava eu, na minha inocência infantil, uma velha como na história da branca de neve, com uma verruga enorme e corcunda, cheia de maldade e cheia de poderes. 
2.    Estas considerações infantis e imaginárias deixaram a sua simplicidade na minha mente, quando em plena vivência da minha adolescência comecei a ver espíritos e a comunicar-me com eles. No meio de uma vida normal, igual a tantas outras, parece que a imagem da "bruxa" rompeu na minha cabeça, assaltou os meus sonhos e apoderou-se durante algum tempo, não só de mim mas também da minha família. No fundo, a "bruxa" era apenas o medo, medo do que se estava a passar mas, sobretudo, do que poderia vir a acontecer. 
3.    Começaram as noites cheias de pesadelos, as noites cheias de medos, as noites cheias de gritos. Demorei muito tempo até deixar de sentir medo, demorei muito tempo a compreender a diferença entre o que me era "mostrado" e o que os outros eram capazes de ver. Pensei (pensámos) muitas vezes que eu estaria a ficar louca, em procurar ajuda psiquiátrica, mas no fundo a ideia da "bruxa" não me saia da cabeça. E por isso, lá fomos a uma...vim de lá com um diagnóstico  "...minha senhora, a sua filha tem mediunidade, a senhora vai ter de procurar quem a ajude, eu infelizmente não consigo, procure um centro espírita..."  
4.    Encontrámos um centro espírita, até nem muito longe de casa e com minha surpresa, cheio de caras conhecidas. Afinal há muitas pessoas com o mesmo problema que eu, pensei imediatamente. Depois de compreendermos a forma como funcionava, as regras, lá assistimos a uma palestra e no final logo nos encaminharam para uma sala escura onde estavam sentadas várias pessoas numa mesa e outra a passar-me as mãos (sem nunca me tocar) pelo corpo. Deram-me um copo de água para beber e mandaram-me embora. Fiquei surpreendida mas com dúvidas, ora, afinal o que se passou ali? Procurava uma explicação mas saio mais confusa... Cá fora, num corredor alguém me dizia, Sábado há curso, tens de vir. Curso? 
5.    Sábado fui ao curso, aliás fui durante vários Sábados, fui tantos Sábados quantas as noites que não dormia. Um dia deixei de ir. Pensei que tantos Sábados, tantas Segundas e tantas Sextas não me estavam a ajudar. Ler tantos livros sobre o que era ser médium e o que era a mediunidade não me estavam a deixar dormir, que não me estavam a ajudar com os espíritos que não me largavam. Afinal a ideia não era aprender a não os deixar interferir com a minha vida, pelo menos daquela forma?
6.    Procurei outros centros, outros médiuns, mais centros, mais médiuns, uns que me enganaram outros nem tanto. Hoje não sou quem era, hoje não tenho medo dos espíritos, falo com eles intensamente e ajudo-os com a mesma intensidade. Ajudo quem é vivo e quem não é. Aprendo com eles e com os necessitam de ajuda, aprendo com o meu grupo a quem tudo agradeço. Já não me assusto quando me acordam durante a noite, já não fico a tremer quando sinto a presença ou o vejo, já não sinto dores, ou fico doente, quando algum me "incomoda".  
7.    A mediunidade foi e é para mim, a maior lição da minha vida, a maior transformação que algum dia me poderia ter acontecido, mas é uma ferramenta ao serviço do bem-estar de quem sofre e de quem pede ajuda. E no meio de tanta coisa difícil que ela nos confronta, agradeço por me ter sido possível saber aplicá-la e utilizá-la da forma que escolhi.
            Um abraço fraterno.